21 maio 2013

O sol voltou

Estamos de volta! Finalmente!
Passos, a nós não nos vergas tu!
Foram 15 longos dias de angústia e de escuridão espiritual.
Um espólio documental de milhares de histórias, narrativas, fotografias e comentários sobre a nossa aldeia estiveram em risco de serem perdidos para sempre. Com esforço e muitas horas perdidas (o povo adora-te, SP) eis que o dito-cujo está novamente no ar. Ainda não estamos a 100%, mas aos poucos e com a vossa ajuda chegamos lá.   
Para comemorar a ressurreição, estamos a promover um passatempo.
Restam ainda algumas molhadas de cebolo e de pimentos para os primeiros 20 seguidores a responderem correctamente à seguinte questão:
Qual o tema mais falado nestes últimos tempos na aldeia?
A)     O tempo
B)      O Blogue
C)      Eleições 

Imagem de arquivo

01 maio 2013

Modistas e Alfaiates Samarras

MODISTAS E ALFAIATES SAMARRAS DESDE FINS DO SÉCULO XIX.

Hoje se queremos adquirir uma peça de vestuário, interior ou exterior, vamos a um pronto-a-vestir, procuramos, miramos, escolhemos, provamos e se aprovamos, pagamos e pronto. Mas nem sempre foi assim, sobretudo nas aldeias do interior e por consonância também na Aldeia Samarra. 
Porque não existia o pronto-a-vestir e quando estes artigos começaram a aparecer por cá, nas feiras e mercados, em contrapartida aos tendeiros que nos visitavam com os seus panos crus, panos de chita, cobertores de papa e uma ou outra fazenda e os expunham nos Largos da Torre, ou da Igreja e porque também não havia dinheiro para os adquirir, as modistas continuaram a dar ao dedo. 
As modistas samarras, as nossas mães e irmãs, que com imaginação e criatividade procuravam inovar àquilo que aprenderam com as mães e avós, produzindo autênticas peças dignas de criadores de moda e assim vestiam toda a família dos pés à cabeça. 
Era vê-las, nos dias soalheiros de inverno nas escadas do balcão ou nas soleiras das portas, de meadas de linhas ou novelos de lã na cesta da costura o “açafate” e agulhas de tricotar nas mãos, para entrelaçarem os fios que faziam passar por trás do pescoço ou pelo alfinete de dama, que pregavam no peito sob os ombros e que, com mestria, puxavam com o dedo médio, à medida que as agulhas consumiam os que já lhe passaram, num ritmo pendular que sempre me fez confusão e a meia que já passara de meia-meia ia crescendo, ou a manga da camisola ficava pronta para a prova, ao mesmo tempo que se punha a conversa em dia.
Elas transformavam os metros de panos, que compravam aos tendeiros, em “cueiros”- fraldas, para os seus bebés; “Dorme, dorme meu fedelho, que a mãe logo vem, foi lavar os cueirinhos à fonte do concelho”; Cuecas, ceroulas, camisas, calças para os filhos e marido, blusas, saias e saiotes, corpetes, coletes, combinações e outras peças íntimas para as filhas, algumas das quais ainda eram bordadas com todo o carinho.

Até ao aparecimento da máquina de costura Singer em 1850, todas estas peças eram feitas e cosidas à mão, verificando-se uma entreajuda entre as irmãs ou cunhadas menos prendadas, para estas tarefas e enquanto umas ajudavam na costura, outras ajudavam nas tarefas do campo. Efectivamente, em 1850 Isaac Singer, regista a patente de uma máquina de costura, a sua Singer, que aos poucos modificou muitas das tarefas enfadonhas da costura à mão.

Máquina de costura Singer, para costureira e alfaiate e respectivos dedais centenários.

Também havia as costureiras profissionais, mais habilitadas, a quem as moças ou mulheres recorriam para a feitura de uma peça mais cuidada, uma peça domingueira ou festiva, uma peça de moça namoradeira ou o fato de noiva.
A necessidade aguçava o engenho e a arte das mulheres samarras e a sua criatividade eram constantes, quer fosse na feitura de uma peça nova ou na transformação de uma peça usada, para o irmão que viera a seguir. Quando a peça já não era susceptível de ser recuperada, mesmo com remendos, era desmanchada e feita em tiras de farrapos, que depois de enoveladas iriam para as tecedeiras da aldeia tecerem as famosas mantas de farrapos, que nos ajudavam com o seu peso a aquecer na cama nos dias frios de inverno, quais edredões dos tempos modernos e ainda, tapetes, passadeiras, alforges e outras peças.
Mas, pasmem, os artigos mais nobres eram: Panos, toalhas de rosto, ou de mesa de jantar, toalhas para os altares da Igreja e lençóis nupciais, eram os artigos de linho, genuinamente samarras; Desde a sementinha que era lançada à terra, até à sua confecção e utilização final.
O linho era semeado, mondado, criado, arrancado, colocado em molhos na ribeira durante 8 dias, para ficar dondo e pronto a ser espadeirado, sendo depois fiado e dobado, posto o que ficava pronto para ir para os teares samarras, onde eram confeccionadas as referidas, belas e nobres peças de linho e muitas delas ainda eram bordadas à mão, o que as valorizava.
Como vemos o processo era longo e trabalhoso, mas era um património dos nossos maiores, daí estas peças artesanais, serem autênticas relíquias para quem as possui. Além das mães modistas samarras, umas com mais engenho que outras, ficam aqui os nomes de algumas costureiras profissionais; As tias Glória, Albertina Tenreiro, Maria de Deus, Adelaide Paula, Eduartina Silva, Carmelinda dos Santos, Bernardete Tenreiro e Umbelina Tenreiro, estas duas cunhadas e entre nós.
Das tecedeiras, ainda podemos recordar, as tias Palmira Fernandes, Patrocínia Machado, Umbelina Silva, Eufémia Tomás e Ermelinda Silva.

Quanto aos alfaiates, era neles que os nossos pais mandavam fazer o fato para a primeira comunhão, que dava para o exame da quarta classe, como podemos ver nos 4 rapazes e 4 raparigas na foto do exame da 4ª.classe, na crónica, “Os garotos samarras e os miúdos de hoje”, para quando estávamos a estudar, para as festas e para irmos à inspecção “as sortes”, ou para levarmos a noiva ao altar. Um fato que se prezasse era composto das 3 peças, calças, colete e casaco, que os alfaiates samarras executavam como ninguém, pelo que não tinham mãos a medir, pois também trabalhavam para as aldeias vizinhas.
Como recordamos de outras crónicas, a aldeia tinha muita gente e chegou a ter três oficinas de alfaiataria e todos trabalhavam com a colaboração do agregado familiar nas tarefas mais simples, as de alinhavar, chulear, pregar botões etc., ficando para o mestre alfaiate as tarefas especiais de corte e provas.
Em homenagem a estes mestres alfaiate, ficam aqui os seus nomes; Jacinto dos Santos, que nasceu no Juízo, um samarra por adopção no casamento, iniciou a actividade na década de 1880, com oficina na Rua do Meio, esquina com a Rua Direita, a quem sucedeu na arte o seu filho José dos Santos Silva, o “ti Zé Alfaite” que nasceu em 1900 e trabalhou até 1955, enquanto a saúde lho permitiu e com oficina na Rua Direita, 31, após a construção do prédio actual. Aqui na foto, com 70 anos e tirada em 1970 no dia do casamento do seu filho Ricarte. Um verdadeiro gentleman.

ti Zé Alfaiate, em 1970.

Na oficina deste samarra que foi uma verdadeira escola de alfaiates, formaram-se outros alfaiates samarras e de fora, nomeadamente os alfaiates, ti João Monteiro, bem como os filhos do mestre, do qual é digno continuador o seu filho Ricarte S. Silva, que em 1967 após cumprir o serviço militar na guerra do Ultramar, se mudou para a cidade de Coimbra, onde continua a vestir os doutores desta capital universitária e a espalhar o perfume da arte dos alfaiates samarras, com estabelecimento na Av. Emídio Navarro, 56, r/c, Coimbra.
O ti Gualter Tenreiro também se mudou para Lisboa por volta de 1968, onde continuou a trabalhar e o ti João Monteiro, hoje com 88 anos, após vestir milhares de conterrâneos, em 1970 estabeleceu-se na zona de Lisboa, para poder acompanhar os filhos nos estudos universitários, enquanto continuou a exercer a arte. Hoje, já aposentado, fixou residência na zona de Esposende, indo na senda de alguns dos filhos.

O ti João Monteiro e o tempo de aposentação.

Esta outra foto, de João Monteiro, uma preciosidade para álbum de família, demonstra quão calmas eram as ruas da aldeia, mesmo na artéria mais movimentada, podia-se trabalhar à porta da oficina, pois os carros de bois eram sabiamente conduzidos pelos homens da aguilhada e os automóveis ainda não se cruzavam nestas artérias calcetadas com seixos das terras da Figueireda, que só uns anos mais tarde começaram a ser afagados pelos pneus do chevrolet do ti Augusto Carapito, que tinha a estrada toda para si.

ti João Monteiro

Foram eles que confeccionaram os nossos fatos, casacos, sobretudos, blusões e as indispensáveis Samarras.
Com o pronto-a-vestir mais acessível e com as poucas vocações jovens para a agulha e o dedal, os alfaiates são cada vez mais raros.


Maio 2013 (22)
Apaulos


30 abril 2013

Viagem à outra Ermida

Grande dia o de domingo passado. Como planeado começou bem cedo e às 8.30h o autocarro fez-se à estrada a partir da Igreja Matriz de Sta. Eufêmia (uma das freguesias do eixo do Vale do Massueime), rumo ao Vale de Nossa Senhora da Póvoa. Pelo meio uma paragem mais prolongada na aldeia histórica de Sortelha. A chegada ao Vale deu-se às 12.30h onde nos esperava uma pequena comitiva de recepção constituída pelo Padre António Silva e pelo Senhor Joaquim Valente, um dos responsáveis pelo espaço do Santuário. Com a ajuda do Senhor José Tenreiro e demais acompanhantes a missa foi proveitosa e todos, sem exepção, assistiram à mesma dentro da Igreja recuperada do Vale N. Sra da Póvoa. Depois, o almoço e a partida para Belmonte onde visitamos museus e por fim a Sinagoga (agradecimento ao Vice-presidente da comunidade judaica e à Câmara de Belmonte). Final do dia, lanche num parque de Belmonte e o regresso a casa.













Faltam aqui bastantes pormenores da viagem, como exemplo, algumas questões levantadas, em plena Sinagoga, sobre o Corão (sim, o Corão dos Muçulmanos) e sobre a circuncisão, mas é melhor não afrontar e humilhar a crença e a inteligência de alguns cristãos. Alguns dos nossos ficaram fãs daquela doutrina e foi mesmo prometido um encontro futuro com o Rabino.

25 abril 2013

Sopa de cavalo cansado, a bem da Nação.

18 abril 2013

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

facebook C. M. Pinhel






Muito bem, Pinhel evocou o nosso monumento mais famoso, na sua página oficial. Quase perfeito, não fosse a referência àquela situação que todos nós sabemos…

AS MINAS DA SRA. DAS FONTES

AS MINAS DO MASSUEIME, OS MINEIROS SAMARRAS E MINÉRIOS, DO AMBLIGONITE AO URÂNIO

Continuação da 2ª. parte. 
Com o decréscimo da exploração mineira na zona do Massueime e minas que a ela estavam associadas, embora fossem explorações completamente distintas e independentes, cerca de 1956 começaram os trabalhos de preparação, para a exploração do jazigo das Minas de Urânio da Sra. das Fontes, que se situam no planalto contíguo à colina da Rasa, no sítio da Torre, mais conhecido por Tapada dos Ermitães e a sua exploração estendeu-se até à década de 1980.

O interesse pelo urânio em Portugal começa a verificar-se em 1944 e a primeira companhia a fazer a prospecção, pesquisa e reconhecimento de jazigos de urânio, foi a Cª. Portuguesa de Radium, Lda, em consórcio com empresas inglesas. Tudo o que se relacionou com a exploração do urânio, até 1962, foi de iniciativa privada, altura em que a J.E.N.- Junta de Energia Nuclear, que havia sido criada em 1954, tomou conta desta indústria mineira, tendo de imediato procedido a pesquisas em várias zonas do país, nomeadamente na zona centro, onde estiveram em actividade, em simultâneo, mais de 60 minas.

Em 1977 a JEN foi substituída na actividade produtiva pela E.N.U.- Empresa Nacional de Urânio, E.P. e em 1990 é transformada em E.N.U., S..A. Em 1992 o seu património foi integrado na holding mineira estatal, a E.D.M.- Empresa de Desenvolvimento Mineiro S.A. e dissolvida em 2004. A mineralização uranifera ocorre exclusivamente nas rochas xistentas (xistos negro-acinzentados, grafitosos muito brandos e xistos castanhos, ferruginosos – Barros 1966). Daí a necessidade de se fazer o entivamento dos tetos das minas com madeiras, para protecção dos mineiros. O jazigo uranifero das Minas da Sra. das Fontes situa-se num pequeno retalho do complexo Xisto-Grauváquico, ocupando uma faixa com cerca de 190m por 10m, com direcção N85ºW e com uma profundidade para além dos 120m.

Minas da Sra. das Fontes, 1967
Agosto de 1968















O poço principal da mina tinha cerca de 90m de profundidade e com várias minas ramificadas e galerias, possuindo 3 chaminés.
A exploração, como vimos, fazia-se por lavra subterrânea e em dois turnos de laboração, com dezenas de mineiros samarras, mineiros de aldeias vizinhas e não só.
Inicialmente e durante alguns anos, o urânio aqui extraído era transportado para as minas da Urgeiriça, cuja oficina tinha capacidade de tratamento químico de 100 toneladas de U3O8 dia, tratando os minérios de 10 minas.
Posteriormente, foi instalada na mina do Prado Velho – Guarda, uma fábrica de tratamento de urânio, que pouco depois foi transferida para a mina da Sra. das Fontes. Esta fábrica tinha capacidade para tratar 40 toneladas dia e passou também a tratar o minério das minas da Cunha Baixa, Cruz da Faia e Cótimos. Quando a profundidade já não permitia a sua exploração, ou a sua rentabilidade já não o aconselhava, passaram a usar a lixiviação “soluções ácidas” que, circulavam pelas zonas fracturadas e dissolviam o urânio, cujos líquidos eram apanhados no fundo do poço, sendo bombeados e tratados na oficina de concentração, “as chamadas Químicas” e a sua produção mensal chegou a ser de cerca de 300kg.

Pelas 11h30, era vermos as mulheres samarras, irmãs e filhos, pela encosta da Rasa acima, com a cesta à cabeça ou no braço, levando o almoço ao seu homem, irmão ou pai e quem tinha dificuldade em subir a encosta, ou tinha o pão na hora de o tender para o levar para o forno, pedia à vizinha para lhe levar a cesta para o seu familiar e a solidariedade samarra não falhava.

Os riscos para a saúde dos mineiros, nesta lavra, foram muitos e muitos conterrâneos nos deixaram mais cedo do que seria suposto, com o que se denominou o “mal da mina” e foram mais de um dezena. Para estes Mineiros Samarras, que muitos de nós conhecemos e recordamos com saudade, fica aqui a nossa homenagem.

Dois dos mineiros Samarras por adopção de casamento foram, o capataz Alfredo Simão e António J. Pereira, este, aqui na foto, tomando um dos seus bagacitos diários, no café do Zé Ferreira, que, diz ele, espantam todos os males.

António J. Pereira


Como curiosidade, diz-se que a localização exacta deste filão ocorreu nas seguintes circunstâncias; Andava um engº. e o seu ajudante nas pesquisas, quando este sentiu necessidade de se retirar para trás de uma moita de carvalhotos, para baixar as calças e se aliviar e ao pousar o aparelho “o cintilômetro”, este começou a apitar ruidosamente, indicando que estava precisamente no sítio que procuravam, o filão de urânio, logo, o filão foi descoberto “a cagar”.

Como alguém diria “as melhores práticas - do berço ao caixão”, nem sempre foram respeitadas e as Minas da Sra. das Fontes ficaram ao abandono, com elevado risco para a saúde pública. Até que em 25/ 02/2010 o ilustre conterrâneo, Professor Engº. Delfim Carvalho, na qualidade de Presidente do Conselho de Administração da EDM- Empresa de Desenvolvimento Mineiro, S.A, colocou um ponto final a décadas de abandono, ao deslocar-se a Pinhel e na presença do Presidente da Câmara de Pinhel, António Ruas, do Presidente da Junta de Freguesia de Santa Eufêmia, Delfim Júlio e de Francisco Mendo, na qualidade de representante da Comissão da Fábrica da Igreja, assinaram o acto de consignação da empreitada de remediação ambiental da antiga área mineira da Sra. das Fontes, ao consórcio Jeremias de Macedo & Cª. Lda / Mt3- Engenharia e Obras, Lda, empreitada orçada em cerca de 2.300.000.00€uros, com um prazo de execução de 365 dias.

Situação final


Esta foto demonstra como ficou a área depois da sua recuperação, vislumbrando-se em baixo a aldeia. A tradição, como dizem os antepassados, tem muito valor e os nossos ancestrais sempre tiveram em boa conta, os valores ou ditos, que os seus maiores lhes transmitiram.
Sempre nos referiram, que a aldeia primitiva ter-se-á localizado na zona do sítio, agora, denominado de Santa Ofêmia, cerca do cemitério velho, e perto da Villa Romana, contígua ao filão do urânio, posta a descoberto aquando da prospecção deste filão urânifero, pois era costume, nos tempos dos romanos, estas vilas instalarem-se perto das populações locais, que também lhes serviam de apoio. A via Romana de Almeida a Marialva e Lamego passava pela aldeia Samarra. Hoje, restam-nos retalhos de calçadas romanas e a ponte romana medieval do Massueime.

Quando éramos garotos e nos deslocávamos com o “vivo” para estas pastagens no lugar da Torre, recordo-me de termos reparado numa “era” num barroco e os cacos de cerâmica e de barro eram muitos e numa vasta extensão. Mais tarde, já como estudante descobri ali, gravadas num barroco, duas palavras, cujo registo ainda guardo num pequeno apontamento e que anotei como sendo: LHADEOIT e TABANICU. Recentemente, 2004, os arqueólogos dizem-nos:

“Villa Romana, (Habitat Calcolítico e Idade do Bronze), ocupando uma área de cerca de 7 hectares, correspondendo a uma villa romana ou uma aldeia com uma villa nas proximidades. 
Tendo em conta o aparecimento de sigillata clara D, apontamos para uma ocupação do local pelo menos no século IV-V., d.C. 
Foram observados vestígios de cerâmica de fabrico manual, bases de colunas, pedras de canais e escória, etc.. 
Cerca da estação localiza-se uma inscrição gravada com duas hipóteses de leitura: 
1- DI(S) LEIA DEDIT PABANICUS (vel PARANICUS). 
2- DI(S) LEIA DEDIT PABANIC(us) (vel PARANIC(us) V (otum) s (olvit). 
1- Pabanico (ou Paranico) ofereceu aos deuses Leia e 
2- Leia ofereceu aos deuses e Pabanico cumpriu o voto.” 
(Fonte: Direcção-Geral do Património Cultural).

Esperamos com estas crónicas, ter contribuído de alguma maneira, para salvaguardar as memórias das Comunidades Mineiras Samarras, nos períodos das suas explorações. Às Enciclopédias Samarras ainda vivas, que viveram e testemunharam estes fatos um Bem-Hajam.


Abril 2013 (21)
Apaulos

16 abril 2013

Técnicas de merchandising - Vendo

Embalagem Tetra Pak


Aproveitar estes dias, que a ASAE anda sem dinheiro para grandes deslocações.

10 abril 2013

O envelope

O envelope ou o prémio? Era assim que o Carlos Cruz questionava os concorrentes no programa 123. O envelope era sempre uma incógnita, um risco.

Imagem de arquivo




Hoje “pedir o folar” tem particularidades idênticas ao programa do CC. Vão às casas das pessoas, borrifam-nas com água benta, recolhem o dito envelope, fechado, acomodado numa peça de porcelana, em detrimento de amêndoas ou de doces e continuam a volta. A escolha recai sempre sobre o envelope! Sem qualquer receio recolhem-no e no fim avaliam se foi ou não uma boa escolha.

Amêndoas engordam.

P.S.: A questão que se coloca aqui é que nem todos têm um envelope branco, conheço alguns que tiveram que se deslocar aos Correios de Pinhel de propósito comprar um 72x108mm.

Naftalina - C10H23

Festa Santa Eufêmia, 2006






Procissão, Festa de Santa Eufêmia, com direito a dois cavalos. Ainda se desconhecia o significado da palavra austeridade, bons tempos...
Mãos atrás das costas ou um estilo mais casual, mãos nos bolsos, são as poses mais-queridas dos homens samarras, para este tipo de cerimónias.

E funcionam muito bem ainda hoje!

09 abril 2013

AS MINAS DO MASSUEIME

AS MINAS DO MASSUEIME, OS MINEIROS SAMARRAS E MINÉRIOS, DO AMBLIGONITE AO URÂNIO.

Continuação da 1ª. parte.
VOLFRÂMIO ou Tungsténio 
Volfrâmio
Foi identificado pela 1ª vez pelo sueco A.F. Cronestedt em 1775. É um metal de Nº atómico 74, símbolo “W” ou “Tu” e massa atómica 183.95. É um minério robusto denso e pesado, pedra de cor branco-cinza e os seus minérios mais importantes são a volframita e a scheelita.
Como minério robusto possui o mais alto ponto de fusão dos metais 3.419ºC e ebulição 5.930ºC, daí a sua utilização para máquinas de corte rápido, brocas de perfuração de rochas, máquinas de deslocação de terras etc.; Blindagens e projecteis militares de eficácia superior, logo a sua grande importância nas artes de guerra e aqui, sobretudo na 2ª. Grande Guerra 1939/45. A sua exploração fez-se em lavra de filões e eluviões, os chamados jazigos primários, com extracção em profundidade e os aluviões com recolha à superfície. Um dos grandes filões foi explorado junto da quinta do “Xico Lindo”, na encosta da margem esquerda do rio a caminho dos Cótimos e no Vale da Armada, este na margem direita, cerca da estrada da Pardinha.
Foi o minério sempre mais bem pago; 1 quilo vendia-se por um conto de réis. O boom deste minério decorreu nos anos da 2ª. G. Guerra. Portugal aparecia numa short lista de países produtores de tungsténio e em 1950 ocupava o 6º lugar a nível mundial com reservas deste minério.

SCHEELITE 
Scheelite 
O seu nome deve-se ao seu identificador/descobridor, o sueco K.W. Scheele em 1781. De cor amarelada
laranja ou clara, branco, verde, cinza e castanho. É o minério de tungsténio mais importante depois da volframita e usado para filamentos de lâmpadas, Com o seu primeiro filão em lavra subterrânea, no Cabeço da Ponte e Poucosiso, na margem direita do rio e posteriormente nas encostas da margem esquerda, nomeadamente na Quinta da Armada - Freixial, propriedade de Augusto Carapito, que a havia adquirido em 15/02/1941 o dia do ciclone, sendo ele o capataz para esta exploração, bem como para a mina de Ervedosa na margem direita junto do Castelo, onde operava com cerca de 10 mineiros, isto também no decorrer da 2ª Grande Guerra. Este conterrâneo desligou-se desta actividade em 09.03.1944, conforme documento de quitação assinado por Pedro A. Monteiro de Barros, na qualidade de gerente da Soc. Nacional de Indústria Mineira, Lda.
Também nas encostas da margem esquerda, cerca das instalações de apoio ao complexo mineiro, se situaram filões deste minério. Longe dali e no centro dos limites da aldeia samarra, foram explorados filões de lavra subterrânea, na Ferradosa, Lomba e Cascalheiras.

A RECUPERAÇÃO dos minérios era feita nas oficinas de tratamento a (lavaria), na margem esquerda, junto da Mina do Rio, para onde era transportado desde as diversas minas locais, funcionando numa escala artesanal ou semi-industrial e a separação do estéril fazia-se por separação manual, com máquinas de fragmentação para retirar os inertes, esmagamento das pedras de minério nos moinhos, vulgo galgas, com os seus 35 martelos, distribuídos por cinco veios com sete martelos cada, cilindros peneiros, mesas oscilantes de lavagem e estufas de secagem, sendo depois ensacado em saquetas de 30/ 40 quilos, que era carregado aos ombros, encosta acima, pelos operários da lavaria até ao armazém, ficando a aguardar o seu carregamento para o Porto, em lotes de 500/1000 quilos para ser exportado.
Também ficavam na colina da margem esquerda do rio, as edificações que serviam de apoio; Escritórios, armazéns, paiol, posto da GNR e habitações dos representantes dos concessionários, os Carvalhos, que hoje se encontram em adiantado estado de ruína, como se verifica nas fotos acima. Embora as propriedades da margem esquerda se situem nos limites dos Cótimos ou Freixial, muitas pertencem a gentes samarras. O minério era levado para o Porto para os armazéns de uma das societárias e o que se destinava ao Terceiro Reich era embarcado em comboios especiais directos de mercadorias, os “Comboios - Bloco”, que circulavam entre Vilar Formoso e Hendaia – Irun, ao abrigo de um convénio assinado por Salazar e Nicolau Franco em 03/03/1941, onde era passado para comboios alemães. Só em Fevereiro de 1944, Portugal exportou para a Alemanha, via Hendaia 163 toneladas de Volfrâmio.
Estes comboios circularam até Agosto de 1944, altura do avanço dos Aliados em França. No regresso traziam máquinas e ferramentas diversas. Era um período em que tudo se comprava e tudo se vendia. Durante a guerra houve períodos em que as exportações se fizeram nas seguintes proporções: Reino Unido 61.5%, Terceiro Reich 27.2% e outros em que era divido em 50/50%, para os Aliados e para o Eixo. Como foi relatado na crónica “as últimas guerras e os soldados Samarras”, aqui fica a expressão concreta da intervenção indirecta dos Samarras na 2ª G. Guerra, com os seus minérios, dado que, ao que parece, este couto mineiro estava consignado ao lote Alemão.

Gilberto I. Paulos, ancião da aldeia, 95 anos, foi mineiro nas duas lavras.


Quem explorava estes minérios?
O grupo Monteiro de Barros integrou uma concessão de tungsténio do Engº Arnaldo Dias Monteiro de Barros; A Soc. das Minas do Massueime, Lda e a Soc. Nacional da Indústria Mineira, Lda, representada pelo Eng. Pedro A. Monteiro de Barros. A maioria do capital, pertencia à empresa alemã, Rowak & Lohmann & Co. (de Bremen) sob a fachada jurídica de Lobar- Grupo Poruguês Imp. e Exportador, Lda, do Porto e a Fundação Monteiro de Barros, Sarl, de Lisboa. Como acontecia em todas as áreas mineiras de Portugal, também aqui o silêncio e os esquemas eram comuns. O dinheiro fluía e o segredo era a alma do negócio. Para os mineiros, quem mandava nisto era um Engº. Alemão a quem chamavam de maneta por ter só um mão e o Monteiro de Barros, representados pelos conterrâneos Francisco Manuel de Carvalho e depois pelo seu filho, José Maria de Carvalho, que eram a face visível dos donos e que tinham as guias para o poderem transportar. Este conterrâneo, Francisco M. Carvalho, terá sido apresentado ao Monteiro de Barros pelo amigo, Delfim Marques dos Santos, da Souropires, que foi apontador, guarda livros, do engº. Monteiro de Barros, vindo mais tarde a serem compadres e assim se ligou à exploração dos minérios.
A escassez de técnicos portugueses nesta área, era muito grande, pelo que havia engenheiros que controlavam dezenas de minas, tal como o Engº. Arnaldo Dias Monteiro de Barros. O salário mensal oficial destes técnicos era na ordem dos 100$00 e dos capatazes 12$00.
Duas décadas depois um mineiro podia ganhar de 6$00 a 10$00 dia.
Hoje temos na aldeia um ilustre samarra, perito nesta matéria o Professor Engº. Delfim de Carvalho, filho do referido conterrâneo Francisco Manuel de Carvalho, que tem ocupado lugares de relevo a nível nacional nesta área de Geologia e Minas. Dado o contexto global favorável do mercado do “Li” e outros importantes recursos existentes nos pegmatíticos, e dada a onda de interesse na exploração mineira que se está a verificar em Portugal, será que ainda poderemos, um dia, ver as micro sondas electrónicas, a identificarem filões, calcularem a sua quantidade e rentabilidade nas minas do Massueime!...
Após décadas de abandono, em 2009, com a intervenção da E.D.M., procedeu-se à reabilitação paisagística com movimento de terras, no Cabeço da Ponte e Ferradosa, selagem de poços e galerias e implementação de vedações com uma empreitada de 144.636,00. Euros.

Fontes: As Enciclopédias Samarras ainda vivas e que testemunharam e viveram estes fatos e A.J.P. Nunes in “O Estado Novo e o Volfrâmio”.

À boa maneira Samarra: Bem-Haja a todos Vossemecê.
Continua – com as Minas da Sra. das Fontes (Urânio)


Abril 2013 (20)
Apaulos

08 abril 2013

Scotch



Não se iludam, este aqui ainda é o que era, qualquer outra imitação é mero engano.
Sei do que falo.

Viral

O CEI (Centro de Estudos Ibéricos) levou a cabo mais uma edição de Fotografia sem Fronteiras (2012), concurso internacional de fotografia, destinado a fotógrafos amadores e profissionais. Uma das fotografias galardoada, com uma menção honrosa, incluída no tema Espaços Rurais, Povoamento e Processos Migratórios, foi aquela ali em baixo:



Este "assunto" é já considerado viral nas redes sociais. Fotos premiadas AQUI.

02 abril 2013

Passeio/convívio



Dia 28 de Abril 

Convívio/passeio à Ermida situada na aldeia Vale N. Sra da Póvoa, Penamacor, conhecido santuário Mariano.
Partida de Santa de Eufêmia, passagem por Sabugal e Sortelha
Chegada ao Vale N. Sra da Póvoa, celebração de Eucaristia, seguida de piquenique no local
Regresso ao final do dia, passagem por Belmonte
Inscrições limitadas aos lugares no autocarro Confrades: 10€ Geral: 12€

Organização: Confraria dos Ermitães

28 março 2013

Passeio Virtual

O Google Maps com Street View permite-lhe explorar locais em todo o mundo através de imagens ao nível da rua de 360 graus. Pode explorar marcos mundiais, ver maravilhas naturais, navegar um trajeto, entrar em restaurantes e pequenas empresas, e agora até pode fazer um passeio interativo por Santa Eufêmia.

A recolha das fotos foi efectuada em Abril de 2010 através de um Opel Astra vermelho, o carro usou no tejadilho uma câmera com 15 lentes que tiraram fotografias a 360 graus. Também incluia sensores de movimento, para monitorizar a sua posição, um disco rígido para armazenar dados, um pequeno computador que executou o sistema e lasers para capturarem dados em 3D e determinarem distâncias nas imagens do Street View.



Vá para o seguinte endereço: Google Maps
Arraste o boneco amarelo (à esquerda) para uma das ruas da aldeia.
Inicie o passeio....








26 março 2013

Descubra as diferenças

Antes

Depois

25 março 2013

Via Crúcis

Ontem à tarde fez-se a reconstituição do trajeto de Jesus carregando a cruz, do Pretório de Pilatos para o monte Calvário. Para quem desconhece o simbolismo e a funcionalidade das várias cruzes espalhadas pela aldeia, esta é uma boa oportunidade para sair das trevas. Para os outros, que já fizeram o trilho milhentas vezes e são seguidores de uma alimentação saudável, uma caçada aos espargos é uma boa alternativa.

Via Sacra, ontem -16:00h, Carreiro da Regada

O encantador de espargos, ontem - 16:10h, local incerto